A proteção das operações logísticas e da segurança financeira de transportadores e embarcadores depende da contratação de um seguro de carga.
Trata-se de uma cobertura contratada entre o transportador (ou o embarcador) e a seguradora, que visa indenizar eventuais perdas ou danos sofridos pelas mercadorias durante o transporte.
Neste artigo, explicamos mais sobre os principais tipos de seguro de carga e as etapas necessárias para contratar a apólice ideal.
Confira e tire suas dúvidas!
Por que o seguro de carga é necessário?
No Brasil, o transporte rodoviário de cargas é regulamentado pela Lei nº 11.442/2007, que estabelece as responsabilidades das operações de transporte de mercadorias.
Segundo a legislação, o transportador é responsável pela carga durante todo o trajeto.
Caso ocorra algum dano ou perda, a responsabilidade pelo prejuízo recai sobre o transportador, o que reforça a necessidade de uma cobertura adequada.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) exige que as empresas transportadoras possuam o Seguro de Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário de Carga (RCTR-C).
O RCTR-C é obrigatório e cobre danos à carga causados por acidentes involuntários ocorridos durante o transporte, como colisões, tombamentos, explosões ou incêndios.
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Veja quais são os outros motivos que explicam a necessidade de ter um seguro de carga:
Proteção contra os riscos das estradas
As estradas brasileiras são famosas pelos desafios que apresentam, e os riscos não são poucos.
Entre os principais, estão:
- roubos e assaltos;
- acidentes;
- avarias.
O seguro protege embarcadores e transportadores contra esses riscos comuns do dia a dia nas estradas.
Vantagens para empresas e autônomos
O seguro de carga não é apenas um requisito legal ou uma forma de enfrentar riscos, ele traz benefícios estratégicos para empresas e transportadores autônomos:
O seguro evita prejuízos que poderiam ser desastrosos
Em caso de roubo ou acidente, a empresa não fica no vermelho para cobrir o valor das mercadorias;
Empresas seguradas demonstram comprometimento com a segurança das cargas
Isso é um diferencial importante para conquistar e manter clientes, que sentem mais confiança ao fechar parcerias com transportadores protegidos;
saber que a carga está segurada reduz o estresse e a preocupação tanto para quem envia quanto para quem transporta.
Em caso de imprevistos, o problema financeiro está coberto.
O seguro de carga é um aliado para proteger negócios, minimizar riscos e garantir que o transporte de mercadorias aconteça de forma segura.
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Tipos de seguro de carga?
As estradas são cheias de imprevistos, e proteger a carga é fundamental para evitar prejuízos.
É por isso que existem diferentes tipos de seguro de carga, cada um com uma função para proteger tanto quem transporta quanto quem envia a mercadoria.
Vamos dar uma olhada nos principais seguros e entender o que cada sigla significa.
RCTR-C
O RCTR-C é o seguro obrigatório para todas as empresas e transportadores autônomos que realizam transporte rodoviário de cargas no Brasil.
Ele está previsto na Lei nº 11.442/2007 e regulamentado pela ANTT.
A cobertura tem como objetivo proteger o transportador em caso de danos materiais sofridos pela carga em situações de acidentes involuntários.
Entre os eventos cobertos. estão:
- colisões;
- capotamentos ou tombamentos;
- incêndios;
- explosões.
A responsabilidade do transportador é limitada a acidentes durante o trajeto, e, sem esse seguro, a operação não pode ser legalizada.
RCF-DC
O RCF-DC (Responsabilidade Civil Facultativa por Desaparecimento de Carga) é um seguro opcional, mas recomendável devido à alta incidência de roubos e furtos de carga no Brasil.
Ele oferece cobertura financeira para o desaparecimento da carga em casos de:
- roubo qualificado;
- furto simples ou qualificado;
- desaparecimento da carga em conjunto com o veículo.
Essa cobertura é fundamental para proteger o transportador em regiões com alto índice de criminalidade ou em operações com cargas de alto valor agregado.
Diferente do RCTR-C, que se limita a acidentes, o RCF-DC é voltado para a perda intencional da carga.
RCTR-VI
O RCTR-VI (Responsabilidade Civil do Transportador em Viagens Internacionais) é recomendado para operações de transporte de carga em viagens internacionais.
Ele oferece cobertura contra danos à carga durante a movimentação terrestre fora do território brasileiro.
A cobertura inclui eventos como:
- acidentes de trânsito;
- incêndios e explosões;
- capotamentos e tombamentos.
O seguro garante o cumprimento das normas de transporte internacional e proteger o transportador em operações transfronteiriças.
Ele cobre responsabilidades do transportador conforme as exigências legais vigentes nos países envolvidos.
Coberturas extras
Além dos seguros básicos, existem opções de coberturas adicionais que atendem a necessidades específicas, garantindo maior proteção em operações diferenciadas.
Entre as principais estão:
cobertura ambiental: voltada para o transporte de cargas perigosas ou poluentes;
seguro para cargas perecíveis: desenvolvido para mercadorias que possuem prazo de validade, como alimentos e medicamentos;
seguro para cargas de alto valor: destinado a produtos de alto valor agregado, como eletrônicos, joias e máquinas;
Os seguros opcionais são extremamente importantes para operações que apresentam riscos em setores particulares.
Eles complementam as coberturas obrigatórias e oferecem maior segurança para o transportador e o embarcador.
Quanto custa em média o seguro de carga?
Geralmente, o custo do seguro de carga fica entre 0,01% a 0,1% do valor total da carga, dependendo do risco envolvido na operação.
O preço do seguro leva em conta vários detalhes, como:
- limite máximo de cobertura contratado (quanto maior o valor que você quer proteger, mais alto será o custo do seguro);
- origem e destino da carga (rotas mais arriscadas, com alto índice de roubo ou acidentes, têm um custo maior. Por outro lado, rotas seguras tendem a ser mais baratas);
- índice de sinistralidade da rota (se a origem ou o destino da carga apresentam histórico de sinistros, como acidentes e furtos, isso também influencia no valor;
- risco das mercadorias transportadas (produtos perigosos, perecíveis ou de alto valor geralmente têm um custo mais elevado porque o risco é maior).
Um ponto importante é que existe um prêmio mínimo, que é um valor fixo mensal pago à seguradora, mesmo que não haja embarques no período.
Tem também o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que é de 7,38% sobre o valor mensal do prêmio.
Vamos a números para facilitar.
Considere que um autônomo transporta alimentos perecíveis, com um valor de R$ 500.000,00 em cada viagem.
Se o seguro da sua carga for calculado em 0,05% do valor da carga, ele pagaria:
R$ 500.000,00 x 0,05% = R$ 250,00 por viagem.
Agora, suponha que o prêmio mínimo fixo para essa operação seja de R$ 800,00 por mês.
Mesmo que ele não faça embarques, esse é o valor que deve ser pago à seguradora.
E, além disso, ainda tem o IOF sobre o prêmio:
R$ 800,00 x 7,38% = R$ 59,04
Portanto, o custo total fixo no mês seria de R$ 859,04, sem contar os valores variáveis em caso de transporte.
Como funciona o seguro de carga?
O seguro é a garantia de que a transportadora estará protegida contra os imprevistos do transporte, mas você já parou para pensar em como ele funciona na prática?
Vamos dar uma olhada nos principais aspectos para entender como tudo acontece.
Contratação
A contratação do seguro de carga começa com algumas etapas importantes:
- análise da apólice: primeiro, você e a seguradora definem qual será o tipo de cobertura ideal para sua operação. Vai transportar cargas de alto valor? Precisa de cobertura adicional para perecíveis? Tudo isso é avaliado. A apólice é o contrato que deixa claro o que está coberto, os limites de indenização e as condições do seguro;
- cobertura e custos: depois de definir as necessidades, o custo é calculado. O valor do seguro varia conforme o tipo de mercadoria, o risco da rota, o limite de cobertura e outros fatores, como o índice de sinistralidade (ou seja, o histórico de problemas naquela região). Ah, e não se esqueça: além do custo da cobertura, tem o prêmio mínimo mensal e o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 7,38% sobre o valor.
A seguradora só emite o seguro depois que tudo está analisado, e aí você pode operar tranquilo, sabendo que está protegido.
Averbação de cargas
Aqui vem uma etapa que muita gente esquece, mas ela é obrigatória: a averbação de cargas.
Isso nada mais é do que informar à seguradora sobre cada embarque feito.
Funciona assim: toda vez que você fizer um transporte, precisa registrar os dados da carga com a seguradora.
Isso inclui:
- tipo da mercadoria;
- valor total da carga;
- origem e destino;
- data do transporte.
A averbação é feita em tempo real, geralmente por meio de sistemas eletrônicos integrados entre o transportador e a seguradora.
Por que isso é importante?
Porque, sem a averbação, o seguro não é válido em caso de sinistro.
Ou seja, você pode ter o seguro contratado, mas se não avisar sobre o transporte, não tem cobertura.
Necessidade de acionar o seguro em caso de sinistros
Quando algo dá errado – seja um acidente, um roubo ou um problema com a carga – é hora de acionar o seguro.
A agilidade é fundamental, porque o processo tem prazos para ser iniciado.
Veja como isso deve ser feito:
Comunicar o sinistro
Assim que o problema ocorrer, você precisa informar a seguradora imediatamente.
Muitas seguradoras oferecem canais de atendimento 24h para esse tipo de situação.
Reunir a documentação necessária:
Para acionar o seguro, você precisa apresentar documentos como:
- nota fiscal da carga transportada;
- Conhecimento de transporte (CT-e)
- boletim de ocorrência (em casos de roubo, furto ou acidentes);
- comprovante de averbação da carga.
Cumprir os prazos
A maioria das seguradoras exige que a comunicação do sinistro seja feita em até 24 horas após o evento.
Quanto mais rápido você resolver essa parte, mais rápido o processo de indenização será concluído.
O que o seguro não cobre?
Apesar de oferecer uma proteção ampla, o seguro de carga tem limites bem definidos sobre o que pode ou não ser coberto.
É importante entender esses limites para evitar surpresas em caso de sinistro.
Riscos excluídos
Existem situações em que o seguro não tem responsabilidade de cobrir os danos.
Os principais riscos excluídos são:
- má-fé ou fraude;
- agravamento de riscos intencionais;
- desgaste natural.
Cobertura básica x situações específicas
Um ponto importante a entender é a diferença entre os riscos cobertos e as situações que exigem coberturas adicionais.
Por exemplo:
um acidente com colisão que danifica a carga está coberto pelo RCTR-C.
já se a carga estragar por conta de problemas no sistema de refrigeração, você só terá proteção se tiver contratado a cobertura adicional para deterioração de carga.
Da mesma forma, um vazamento de produtos químicos que afete o meio ambiente exige a cobertura adicional para danos ambientais, pois não faz parte das coberturas básicas.
Como escolher o seguro de carga certo?
Cada transporte tem suas particularidades, então não dá pra sair contratando qualquer seguro.
Aqui vai um passo a passo simples para você acertar nessa escolha:
Entenda as necessidades da transportadora
Antes de tudo, saiba o que você precisa proteger:
- modal de transporte (rodoviário, aéreo, marítimo ou ferroviário? Cada um tem riscos diferentes);
- tipo de carga (quanto mais valiosa a mercadoria, mais robusta deve ser a cobertura);
- rotas (regiões de risco ou viagens internacionais exigem atenção redobrada na escolha da apólice).
Saber esses detalhes evita que você pague por cobertura desnecessária ou fique desprotegido.
Conte com corretoras especializadas
Corretoras especializadas em seguro de carga entendem o mercado e ajudam você a:
- escolher a cobertura certa;
- negociar com seguradoras para conseguir o melhor custo-benefício;
- ter suporte na hora de um sinistro.
Elas são a ponte entre você e a proteção que precisa.
Escolha uma seguradora confiável
Não adianta contratar uma seguradora que some na hora do aperto.
Então:
- pesquise a reputação no mercado;
- veja a agilidade no pagamento de indenizações;
- entenda a solidez financeira da empresa (uma seguradora precisa ter recursos para indenizar os sinistros, então é importante conferir a situação financeira da empresa).
O barato pode sair caro se a seguradora não entregar quando mais importa.
Quais são as tendências no mercado de seguro de carga?
Com o aumento das demandas de transporte e os desafios das estradas, proteger as mercadorias precisa acompanhar as mudanças.
Hoje, as tendências estão mais voltadas para soluções tecnológicas e adaptações às novas exigências da logística.
Uma das maiores transformações vem do uso de tecnologias avançadas para monitoramento em tempo real.
Ferramentas baseadas em IoT (Internet das Coisas) permitem que transportadores e seguradoras acompanhem a carga durante todo o trajeto.
Com sensores que monitoram desde a localização do veículo até a temperatura e as condições do ambiente.
O transporte de cargas está mais impactado por novas normas ambientais e de segurança, o que influencia diretamente o mercado de seguros.
Com exigências maiores, como a redução das emissões de poluentes ou o transporte mais sustentável, surgem novas necessidades de cobertura.
Seguradoras já estão de olho nisso e ajustando suas apólices para atender esse cenário, oferecendo soluções específicas para o transporte de produtos perigosos e garantindo compliance com as legislações
Lembre-se: entenda suas necessidades, escolha especialistas e vá com seguradoras que entreguem o que prometem.
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